Curso de cripito moeda
Criptomoedas: Um guia para dar os primeiros passos com as moedas
digitais
Embora o Bitcoin seja a mais comum, há diversas outras moedas digitais
em circulação no mercado. Entenda como elas funcionam, para que servem e como investir.
Quem acompanha o mercado,
mesmo que de longe, certamente já foi surpreendido pelos altos e baixos
de moedas
digitais no noticiário. A mais famosa é o Bitcoin,
mas muitas outras também já têm relevância – e também a simpatia dos
investidores. Mas afinal, o que é uma criptomoeda? Como funcionam esses
ativos e como negociá-los?
InfoMoney preparou este guia pensando em quem quer dar os primeiros passos no mundo das moedas digitais e precisa saber por onde começar. É uma classe de ativos nova no mercado e, justamente por isso, desperta muitas dúvidas em quem ainda está aprendendo. Convidamos você a acompanhar os próximos parágr
O que são
criptomoedas?
Genericamente, uma
criptomoeda é um tipo de dinheiro – como outras moedas com as quais convivemos cotidianamente
– com a diferença de ser totalmente digital. Além disso, ela não emitida por
nenhum governo (como é o caso do real ou do dólar, por exemplo).
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a investir em criptoativos de forma prática e inteligente
Mas isso é possível? Para
explicar que sim, Fernando Ulrich, autor do livro Bitcoin: A moeda na era
digital, faz uma analogia bem simples: “O que o e-mail fez com a informação, o
Bitcoin fará com o dinheiro”. Antes da internet, as pessoas dependiam dos
correios para enviar uma mensagem a quem estivesse em outro lugar. Era preciso
um intermediário para entregá-la fisicamente – inimaginável para quem tem
acesso a e-mail e outros serviços de mensageria.
Algo semelhante acontecerá
com as moedas virtuais no futuro. “Com o Bitcoin você pode transferir fundos de
A para B em qualquer parte do mundo sem jamais precisar confiar em um terceiro
para essa simples tarefa”, explica Ulrich no livro.
Embora o Bitcoin seja a
moeda digital mais conhecida, o conceito de criptomoeda é anterior a ele.
Segundo o site Bitcoin.org, mantido pela comunidade ligada ao Bitcoin, as
criptomoedas foram descritas pela primeira vez em 1998 por Wei Dai, que sugeriu
usar a criptografia para controlar a emissão e as transações realizadas com um
novo tipo de dinheiro. Isso dispensaria a necessidade da existência de uma
autoridade central, como acontece com as moedas convencionais.
Para que servem
As criptomoedas podem ser
usadas com as mesmas finalidades do dinheiro físico em si. As três principais
funções são servir como meio de troca, facilitando as transações comerciais;
reserva de valor, para a preservação do poder de compra no futuro; e ainda como
unidade de conta, quando os produtos são precificados e o cálculo econômico é
realizado em função dela.
Na visão de Ulrich, moedas
como o Bitcoin ainda não adquiriram o status de unidade de conta, em função da
grande volatilidade a que seus preços estão sujeitos por enquanto.
O que é mineração?
Para entender o que é mineração,
é preciso saber que as moedas digitais – como o Bitcoin – representam um código
complexo que não pode ser alterado. As transações realizadas com elas são
protegidas por criptografia.
Como não há uma autoridade
central que acompanhe essas transações, elas precisam ser registradas e
validadas uma a uma por um grupo de pessoas, que usam seus computadores para
gravá-las no chamado blockchain.
O blockchain é um enorme
registro de transações. Segundo Ulrich, trata-se de um banco de dados público
onde consta o histórico de todas as operações realizadas com cada unidade de
Bitcoin (outras moedas digitais se baseiam nessa mesma tecnologia). Cada nova
transação – uma transferência entre duas pessoas, por exemplo – é verificada
contra o blockchain, para assegurar que os mesmos Bitcoins não tenham sido
previamente usados por outra pessoa.
Quem registra as transações
no blockchain são os chamados mineradores.
Eles oferecem a capacidade de processamento dos seus computadores para realizar
esses registros e conferir as operações feitas com as moedas – em troca disso,
são remunerados com novas unidades delas. Bitcoins são criados conforme os
milhares de computadores que formam essa rede conseguem resolver problemas
matemáticos complexos que verificam a validade das transações incluídas no
blockchain.
Em outras palavras, a mineração
representa a criação de novas unidades de alguns tipos de moedas digitais. Se
mais computadores passam a ser usados para aumentar a capacidade de
processamento voltada à mineração, os problemas matemáticos que precisam ser
resolvidos se tornam mais difíceis. Isso acontece exatamente para limitar o
processo de mineração.
“O Bitcoin foi projetado de
modo a reproduzir a extração de ouro ou outro metal precioso da Terra: somente
um número limitado e previamente conhecido de bitcoins poderá ser minerado”, explica
Ulrich em seu livro. (Mais detalhes na seção “Bitcoin” deste guia)
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Entenda o que é
Metaverso e por que está chamando a atenção dos investidores
Como funciona a variação de
preço
Basicamente, o preço das
moedas digitais varia segundo a boa e velha lei da oferta e da demanda. Nas
épocas em que as criptomoedas ganham mais atenção, é normal que elas sejam mais
procuradas pelos investidores, o que amplia o volume de compras – e
consequentemente, os preços tendem a subir.
“Há somente um número
limitado de bitcoins em circulação e novos Bitcoins são criados em uma taxa
previsível e decrescente, o que significa que a demanda deva seguir este nível
para manter seu preço estável”, explica o site Bitcoin.org.
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Por ser um mercado ainda
pequeno, poucas operações com criptomoedas são capazes de causar um impacto
relevante nas cotações. Em um período de apenas três meses em 2017, por
exemplo, o preço do Bitcoin saltou de cerca de US$ 4.370 para US$ 13.800. Pouco
mais de um ano depois, já havia recuado novamente para US$ 3.500. As cotações,
como se vê, podem ser bastante voláteis.
Principais criptomoedas
Embora o Bitcoin seja a
moeda digital mais conhecida – as duas palavras muitas vezes tidas como
sinônimos – existe uma variedade de outros tipos, com características
distintas. Conheça as principais criptomoedas disponíveis no mercado:
Bitcoin
Bitcoin (BTC) é a
mais conhecida das moedas digitais. Trata-se do primeiro sistema de pagamentos
global totalmente descentralizado. Foi desenhado em 2008, em meio à crise
financeira global iniciada no mercado americano de hipotecas, com o objetivo de
substituir o dinheiro de papel, além de eliminar a necessidade da presença de
bancos para intermediar operações financeiras.
Segundo o site Bitcoin.org,
a primeira especificação do Bitcoin e prova de conceito foram publicados em um
artigo assinado por Satoshi
Nakamoto, pseudônimo de um programador (ou grupo de
programadores) até hoje não identificado. Ele inventou a lógica de
funcionamento do blockchain, sistema que possibilitou a existência do Bitcoin.
No artigo, Nakamoto
estabeleceu que haverá no máximo 21 milhões de bitcoins em circulação.
Estima-se que a última moeda será minerada no ano de 2140.
Bitcoin Cash
O Bitcoin Cash (BCH)
é uma nova versão do Bitcoin original, criada mais recentemente – em agosto de
2017. Ela foi desenvolvida numa tentativa de aperfeiçoar a primeira moeda, que
conta com taxas consideradas elevadas e demanda um tempo grande de
processamento de cada operação.
A principal diferença é que o Bitcoin Cash possui um limite de tamanho de bloco
de 8 MB, bem maior que o de 1 MB do Bitcoin original. Com isso, as confirmações
das transações podem acontecer de maneira mais rápida e também com taxas mais
baixas. Isso garante a ela uma escala ainda maior que a da sua predecessora.
Quem tinha Bitcoins recebeu
em suas carteiras a mesma quantidade de Bitcoin Cash quando foi criada. As
regras de funcionamento são semelhantes às do ativo original, também com um
limite de 21 milhões de moedas.
Ethereum
Existem algumas
semelhanças, mas também diferenças, entre o Bitcoin e o Ethereum (ETH).
A moeda digital original, na verdade, se chamava Ether. Em 2016, no entanto, um
hacker encontrou uma falha no sistema e, a partir dela, conseguiu roubar o
equivalente a US$ 50 milhões em Ether. Diante de dúvidas sobre o que seria do
futuro da moeda, a comunidade que a mantinha optou por criar uma nova rede.
O Ether original – alvo do
roubo – passou a ser chamado de Ethereum Classic e a moeda que começou a
circular na nova rede ganhou o nome de Ethereum. Com o apoio da comunidade, ela
vale mais que a sua primeira versão.
Originalmente, o Ether não
foi criado para ser uma moeda digital como o Bitcoin. A ideia era que se
tornasse um ativo para recompensar os desenvolvedores pelo uso da plataforma
Ethereum em seus projetos. Trata-se de uma plataforma descentralizada utilizada
para executar “contratos inteligentes”, que são operações realizadas
automaticamente quando certas condições são cumpridas.
O blockchain também é a
base para a validação das transações com Ethereum, para garantir a segurança e
ainda evitar fraudes. Assim como no caso do Bitcoin, a criação de novas moedas
também se baseia no processo de mineração. Hoje, o Ethereum está entre as
criptomoedas mais negociadas do mundo.
Tether
Ao contrário do Bitcoin e
outras moedas digitais, o Tether (USDT), lançado em 2014 por uma empresa
de mesmo nome, é uma stablecoin, porque tem lastro em uma moeda física. A
proposta dessa criptomoeda é de manter uma paridade com o dólar americano. Ou
seja, para cada Tether emitido é preciso haver um dólar equivalente em caixa.
Desde que a criptomoeda foi
criada, no entanto, especialistas questionam a paridade, já que a empresa não
oferecia transparência sobre como fazia para segui-la. Em 2019, foi anunciado
que nem todo Tether está realmente lastreado em um dólar. Segundo a empresa,
100% deles são garantidos, mas não apenas por moeda tradicional, como também
por equivalentes de caixa e outros ativos ou recebíveis de empréstimos feitos
pela Tether a terceiros.
A característica do Tether
é ser uma moeda estável que representa moedas físicas no mundo digital. Devido
à menor volatilidade, ele se tornou uma boa opção para realizar transferências
entre sistemas e com diferentes criptomoedas. Assim, investidores se protegem
das variações de preço de outros ativos e evitam o risco de ter perdas
significativas durante essas operações.
O Tether é
predominantemente negociado na Bitfinex, uma grande bolsa de criptomoedas, que
tem acionistas e executivos em comum com a Tether (a empresa controladora da
moeda). Embora possua algumas vantagens em relação a outros ativos digitais, já
esteve envolvido em grandes polêmicas.
Já houve, por exemplo, uma
acusação da Procuradoria Geral de Nova York de que a Bitfinex teria usado
reservas do Tether para cobrir um rombo de US$ 850 milhões nas suas contas a
partir de 2018. Outra suspeita é de que a moeda tenha sido utilizada por um especulador
em operações para manipular o preço do Bitcoin no mercado, com conhecimento ou
até envolvimento da Bitfinex. São acontecimentos ainda por esclarecer.
Ripple
O Ripple (XRP) é um
protocolo de pagamento distribuído criado em 2011, e a moeda desse sistema é a
XRP. Uma característica da plataforma Ripple é suportar na sua rede outros
tokens representando moedas tradicionais e até outros bens. A ideia é que o
sistema permita realizar pagamentos seguros e instantâneos.
Idealizado pelo
desenvolvedor Ryan Fugger, o empresário Chris Larsen e o programador Jed
McCaleb, o Ripple foi criado em 2012. Não se trata apenas de uma moeda, mas de
um sistema em que qualquer moeda – incluindo a criptomoeda mais conhecida, o
Bitcoin – possa ser negociada. Em certa medida, o funcionamento Ripple se
assemelha em algum grau ao dos bancos, por aceitar vários ativos e facilitar a
realização das transações.
Justamente por isso, o
Ripple vai na contramão do discurso sobre as moedas digitais em geral, que têm
como ideal a não dependência do sistema financeiro tradicional para realizar
operações. Outra característica diferente do sistema é que não há um processo
de mineração, como no caso do Bitcoin e do Ethereum.
Litecoin
O Litecoin (LTC) foi
criado em 2011 por um ex-funcionário do Google chamado Charlie Lee e tem muitas
características semelhantes ao Bitcoin. A principal diferença está no processo
de mineração, que busca reduzir o tempo necessário para confirmar transações
feitas com a moeda. A intenção é de que seja mais fácil para qualquer pessoa
participar do processo de criação de novos Litecoins.
Por conta do processamento
mais rápido de transações, o Litecoin é considerado uma alternativa melhor para
a realização de operações no dia a dia. O Bitcoin, por sua vez, funcionaria
melhor como uma reserva de valor. O Litecoin foi projetado para produzir mais
unidades, com um limite de 84 milhões de moedas, contra 21 milhões do Bitcoin.
Vantagens e riscos de
investir em criptomoedas
Criptomoedas são ativos
recentes e com uma lógica bastante sofisticada de funcionamento. Por isso,
ainda há muita gente procurando entender melhor como operar com elas.
As moedas digitais têm
algumas vantagens sobre moedas físicas e outros meios de pagamentos. O site
Bitcoin.org lista as seguintes para os Bitcoins:
Liberdade de pagamento: Com
um Bitcoin, é possível enviar ou receber qualquer valor instantaneamente em
qualquer lugar.
Taxas baixas: Atualmente,
pagamentos realizados com moedas digitais são processados com taxas baixas ou
até isentas. Há cobranças caso os usuários desejem ter uma confirmação mais
rápida das operações pelo sistema. Para o comércio em geral, existem serviços
baseados em Bitcoins em que o processamento das vendas e a transferência dos
valores são realizados diariamente e com custos menores do que os dos métodos
tradicionais, como PayPal ou redes de cartão de crédito.
Segurança: Segundo
o site Bitcoin.org, os pagamentos com Bitcoin podem ser realizados sem vincular
informações pessoais do usuário à transação. “Isto oferece forte proteção
contra furto de identidade”, informa. Outra vantagem é que o usuário pode
proteger o dinheiro com cópias de segurança e criptografia.
Transparente: Todas
as informações sobre a oferta de unidades de Bitcoin ficam disponíveis na
blockchain para qualquer pessoa. Ninguém, nem nenhuma organização, pode
controlar ou manipular o protocolo da moeda digital porque ele é criptografado.
Com isso, o núcleo do Bitcoin é reconhecido como confiável por ser neutro,
transparente e previsível.
Quem aposta no mercado de
moedas digitais, por outro lado, precisa estar atento para uma série de
detalhes que são específicos desse segmento. Alguns deles são:
Grau de aceitação: Como
uma quantidade relativamente pequena de pessoas conhece e – menor ainda – usa
as moedas digitais, são poucos os estabelecimentos que aceitam essa forma de
pagamento, conforme informa o site Bitcoin.org.
Volatilidade: Grandes
ajustes de preços não são raros em moedas digitais como o Bitcoin. Isso
acontece exatamente porque, aos poucos, as criptomoedas estão ganhando
visibilidade, o que atrai muitos novos usuários e acaba sobrevalorizando o
ativo.
“Esses ajustes se
assemelham a bolhas especulativas tradicionais: coberturas da imprensa
otimistas em demasia provocam ondas de investidores novatos a pressionar para
cima o preço do Bitcoin. A exuberância, então, atinge um ponto de inflexão, e o
preço finalmente despenca”, explica Ulrich. Alguns analistas se mostram céticos
a esse comportamento, enquanto outros acreditam que o amadurecimento do mercado
e do sistema tendem a reduzir a volatilidade ao longo do tempo.
Segurança: Embora
o Bitcoin.org reforce a segurança como um aspecto positivo da moeda digital,
Ulrich ressalta que se os usuários não forem cuidados correm o risco de
“apagar” ou perder seus Bitcoins. “Uma vez que o arquivo digital esteja
perdido, o dinheiro está perdido, da mesma forma com dinheiro vivo de papel”,
afirma.
Ulrich explica que as carteiras
de moedas digitais podem ser protegidas por criptografia, mas que cabe
ao usuário ativá-la. “Se um usuário não cifra a sua carteira, os Bitcoins podem
ser roubados por malware”, diz. Da mesma forma, as casas de câmbio de moedas
digitais precisam se proteger da ação de hackers – notícias sobre roubos
acontecem eventualmente.
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Cotações de
criptomoedas: acompanhe as variação de preço das principais moedas digitais.
Como investir em
criptomoedas
Existem algumas formas de
investir ou adquirir Bitcoins e outras criptomoedas. É possível comprar cotas
de fundos de criptomoedas, negociá-las diretamente em uma corretora
especializada (também conhecida como exchange), aceitando as moedas digitais
como pagamento em algum negócio ou ainda minerando.
Adquirir cotas de fundos é
uma das formas mais simples. Em 2018, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
permitiu que os fundos brasileiros fizessem investimentos indiretos em
criptomoedas no exterior – comprando derivativos ou cotas de outros fundos, por
exemplo.
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Essas carteiras são
distribuídas por corretoras e plataformas de investimento e alguns demandam
aplicações de valor relativamente baixo (de R$ 5.000 ou até menos). Os fundos
podem ser uma boa alternativa para quem quer se expor ao mercado de criptomoedas,
mas não se sente seguro para fazer isso sozinho, já que quem decide e acompanha
as aplicações é um gestor especializado.
Também é possível investir
em criptomoedas por meio de ETFs (Exchange Traded Funds), ou seja, um
fundo de investimento que é negociado na bolsa de valores como uma ação.
Outra forma relativamente
simples de investir em Bitcoins e outras criptomoedas é por meio de uma
corretora especializada. Existem algumas casas no Brasil, chamadas de exchanges, que
oferecem esse tipo de serviço.
O primeiro passo é abrir
uma conta na exchange, preenchendo um cadastro com dados pessoais. É possível
que ela solicite a apresentação de alguns documentos ou cópias deles para
validar a identidade do investidor.
Algumas corretoras adotam
mecanismos extras de proteção, além das usuais senhas, como tokens. Se for o
caso da Exchange que você tiver escolhido, será preciso fazer
as devidas ativações. Depois, basta transferir dinheiro para a conta e começar
a operar.
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(Imagem/ Elaborado por
Equipe InfoMoney)
afos para se aproximar das
criptomoedas:
Guia sobre Bitcoin: conheça a origem da
primeira criptomoeda do mundo
A
história do Bitcoin é cheia de mistérios e até hoje ninguém sabe ao certo quem
criou essa criptomoeda, considerada como a primeira a ser minerada no mundo
A história do Bitcoin (BTC)
é repleta de mistérios. A primeira criptomoeda do mundo foi lançada há 13 anos,
mas até hoje ninguém sabe a verdadeira identidade da pessoa – ou pessoas – por
trás do projeto. Há suspeitas, mas nenhuma capaz de desvendar o enigma.
Neste guia, o InfoMoney
explica a origem do Bitcoin; conta como, por que e quando ele surgiu; aborda
segurança, mineração e formas de entrar no mercado; e explica as diferenças
entre a criptomoeda e as outras moedas digitais do mercado, em especial as
lançadas pelos bancos centrais.
O que é Bitcoin?
O Bitcoin é uma forma de
dinheiro eletrônico peer-to
peer (ponto a ponto) que pode ser transferida sem o
intermédio de instituições financeiras.
Na prática, isso significa
que dois indivíduos, mesmo morando em países diferentes, podem enviar BTC um
para o outro sem precisar de um banco ou de uma empresa de remessa
internacional.
As transações são confirmadas
na blockchain, um banco de dados enorme que registra todas as
negociações dos usuários. Essa tecnologia nasceu junto com o Bitcoin, e
funciona de tal forma que os próprios participantes são os auditores da rede.
Como não há uma terceira
parte envolvida, mandar Bitcoin de um país para outro costuma ser mais barato e
rápido do que transferir moedas fiduciárias.
O BTC é digital,
descentralizado e não é controlado por governos, empresas ou pessoas. Portanto,
nenhuma Casa da Moeda precisa imprimi-lo e nenhum Banco Central tem o poder de
controlar o seu preço. Seu valor depende principalmente da lei de oferta e da
procura.
Quando surgiu o Bitcoin
O Bitcoin surgiu em
31 de outubro de 2008. Naquele dia, o criador (ou criadores)
da criptomoeda, que se esconde sob o pseudônimo de Satoshi
Nakamoto, enviou um e-mail para uma lista de pessoas interessadas em
criptografia. No corpo da mensagem, ele escreveu que vinha trabalhando “em um
novo sistema de dinheiro eletrônico totalmente peer-to-peer, sem terceiros confiáveis”.
Ele também inseriu um link
com o white paper (manual)
da criptomoeda, em inglês. No documento, com nove páginas, Nakamoto descreveu
resumidamente os fundamentos do Bitcoin, baseados em quatro pontos principais:
É uma rede peer-to-peer para
evitar o gasto duplo (possibilidade de enviar as mesmas moedas mais de uma
vez); sem intermediários, como bancos; permite o anonimato dos participantes; e
usa Prova de Trabalho (um tipo de algoritmo) para gerar Bitcoin (processo que
ganhou o nome de mineração) e prevenir o tal gasto duplo.
No manual, Nakamoto também
estipulou que o BTC tem oferta finita. No total, apenas 21 milhões de unidades
podem ser mineradas (criadas) até 2140, o que o torna escasso. Até o final de
outubro de 2021, segundo o agregador Coingecko, 18,8 milhões de Bitcoin já
haviam sido emitidas.
Apesar de o Bitcoin ter
sido lançado no final de 2008, o primeiro bloco (nome do arquivo com
informações sobre transações) da blockchain da criptomoeda só foi minerado no
dia 3 de janeiro de 2009. No
bloco, chamado de Gênese, Nakamoto escreveu a mensagem criptografada “The Times
03/Jan/2009 Chancellor on brink of second bailout for banks”.
O texto, que em português
significa “Chanceler à beira do segundo resgate aos bancos”, é uma alusão à
manchete do jornal britânico The Times daquele dia. As palavras foram
interpretadas como um indicativo das motivações que teriam levado Nakamoto a
criar a criptomoeda.
Leia também: Guia
completo sobre como funcionam os investimentos em renda variável
Crise financeira nos EUA e o Bitcoin
O white paper do
Bitcoin foi lançado pouco mais de um mês após o anúncio da falência do Lehman
Brothers, que foi o quarto maior banco de investimentos dos Estados
Unidos. A quebra do conglomerado financeiro foi o episódio mais
emblemático da crise financeira nos EUA, responsável por uma das piores
recessões econômicas da história.
A quase simultaneidade
desses dois fatos fez alguns economistas e entusiastas do mercado de
criptomoedas se questionarem se o Bitcoin teria surgido como uma resposta à
instabilidade financeira daquela época. Fernando Ulrich, mestre em economia e
especialista em criptomoedas, falou sobre os dois eventos em seu livro “Bitcoin
– A Moeda na Era digital”.
“Ainda que possa ser
considerada uma mera coincidência o fato de a moeda digital ter surgido em meio
à maior crise financeira desde a Grande Depressão de 1930,
não podemos deixar de notar o avanço do estado interventor, as medidas sem
precedentes e arbitrárias das autoridades monetárias na primeira década do novo
milênio e a constante perda de privacidade que cidadãos comuns vêm enfrentando
em grande parte dos países desenvolvidos e emergentes”.
Vale lembrar que a crise
financeira nos Estados foi gerada, em parte, por uma desenfreada liberação de
crédito fácil e pela especulação no mercado imobiliário.
O economista Fernando
Antônio de Barros Júnior, professor doutor daFaculdade de Economia,
Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, acredita que o
“timing” entre os dois eventos foi apenas uma coincidência.
“Eu acho que tem pouca
probabilidade de o Bitcoin ter sido lançado por causa da crise. No
próprio white paper,
é possível ver que o Nakamoto não estava tentando criar um ativo financeiro,
mas sim um meio de pagamento seguro e fora do controle do governo”.
Cabe ressaltar, ainda, que
as discussões sobre a criação de uma moeda semelhante ao Bitcoin começaram
antes de 2008. Segundo o Bitcoin.org, o conceito de criptomoeda foi descrito
pela primeira vez em 1998 pelo engenheiro da computação Wei Dai. O artigo de
Wei inclusive é citado por Nakamoto em seu white paper.
Quem criou o Bitcoin?
O criador do Bitcoin se
esconde atrás do pseudônimo Satoshi Nakamoto. Quem ele é, no entanto, ainda
continua um mistério. Algumas pessoas vieram a público afirmando ser o personagem,
mas ninguém conseguiu de fato provar nada.
O que se sabe até agora vem
de vestígios de sua vida online. Em novembro de 2009, por exemplo, ele lançou o
BitcoinTalk – um fórum de discussões sobre a criptomoeda. Nakamoto foi bem
ativo no espaço e, ao longo de quase um ano, postou cerca de 600 mensagens.
Nenhuma, no entanto, dá pistas concretas sobre sua verdadeira identidade.
Sua última movimentação no
fórum ocorreu em 12 de dezembro de 2010. No post, ele deu algumas indicações
sobre a segurança da rede. Depois disso, não publicou mais nada no BitcoinTalk.
Naquele mesmo ano, ele também passou o repositório com o código do Bitcoin para
Gavin Andresen, um desenvolvedor de software que esteve envolvido no projeto da
criptomoeda.
No final de abril de 2011, naquela
que foi sua última ‘aparição online’, ele mandou um e-mail de despedida para
seus desenvolvedores próximos. Na mensagem, Nakamoto “passou a bola” do Bitcoin
para outros desenvolvedores:
“Eu mudei para outras
coisas. Isso (projeto do Bitcoin) está em boas mãos com Gavin e todos”.
Candidatos a Satoshi Nakamoto
Ninguém sabe ainda quem
criou o Bitcoin. No entanto, existem alguns suspeitos. Na lista, figuram
pessoas que colaboraram com o projeto, eram próximas do criador do BTC – pelo
menos na vida online – ou foram citados por ele. Há também ricaços capazes de
influenciar o mercado com apenas um tweet. Veja alguns dos candidatos:
·
Gavin Andresen, por
ter ficado com o controle do código da criptomoeda e ter trocado mensagens com
Nakamoto, é um deles.
·
Outro suposto
criador do BTC é Hal Finney, que foi a primeira pessoa a receber uma
transferência de Bitcoin de Nakamoto – isso lá em 11 de janeiro de 2009.
Finney, no entanto, morreu em agosto de 2014 aos 58 anos, vítima de uma doença
degenerativa. A pedido dele próprio, seu corpo foi congelado para ser revivido
no futuro – isso se surgir alguma tecnologia capaz de vencer a morte.
·
Os cientistas da
computação Nick Szabo e Adam Back, ambos citados no white paper do Bitcoin,
também aparecem na lista. Craig Steven Wright, cientista da computação e
empresário que em 2016 disse a jornalistas que era o verdadeiro Nakamoto (sem
apresentar provas convincentes), é outro suspeito.
·
Por fim, o CEO da
Tesla e da SpaceX, Elon Musk, também está no páreo. A teoria a respeito de
Musk surgiu depois que um funcionário do bilionário, conhecido por influenciar
o mercado de criptomoedas com seus tweets, disse que ele poderia ter criado o
BTC. O empresário nega.
Diferença entre Bitcoin e
moedas digitais
A principal diferença entre
Bitcoin, demais criptomoedas e Moedas Digitais de Banco Central (CBDC, na sigla
em inglês) é a forma de emissão e distribuição.
O BTC e as altcoins (termo
usado para identificar qualquer criptomoeda diferente do Bitcoin) são
descentralizadas. Ou seja, não há governo ou país no controle. As regras,
portanto, são ditadas pelos envolvidos nos projetos, bem como pelos usuários.
As moedas digitais de
bancos centrais, por outro lado, são emitidas e distribuídas por órgãos
governamentais. “As CBDC são representações digitais das moedas fiduciárias dos
países sendo controladas pelos bancos centrais”, explicou Ricardo Dantas,
CO-CEO da corretora de criptomoedas Foxbit.
Na prática, portanto, uma
moeda digital emitida por um Banco Central é uma cópia virtual do dinheiro
corrente do país. Seu valor, portanto, é determinado por uma autoridade
monetária. É diferente das criptomoedas descentralizadas, cujos preços variam
conforme a lei da oferta e da procura.
Como comprar Bitcoin
Há diversas formas de
comprar Bitcoin e altcoins. Exchanges, ETFs de criptomoedas e
fundos de investimentos do setor são algumas das opções.
No caso da exchange, o
usuário precisa escolher alguma e abrir uma conta. Em geral, elas pedem data de
nascimento, RG, CPF, CNPJ (no caso de empresa) e endereço no cadastro – feito
online. Algumas também solicitam foto (selfie) para confirmar a identidade. Há
taxas de saques e transferências. O investimento mínimo de compra de Bitcoin
depende de cada corretora. Em algumas delas o valor mínimo começa em R$ 25;
outras exigem R$ 50.
Os ETFs de criptomoedas
podem ser negociados direto na Bolsa de Valores como uma ação. Portanto, é
preciso abrir uma conta em alguma das 100 corretoras de valores existentes no
Brasil. O cadastro também envolve o envio de documentos pessoais.
Importante lembrar que o
investidor, na hora da compra, precisa pagar taxas de corretagem e de custódia
para as corretoras, além dos encargos da B3. Também há taxa de administração.
As cotas iniciais dos fundos de índice (outro nome para ETF) variavam entre R$
14 a R$ 72 no começo de outubro.
Por fim, é possível também
comprar Bitcoin por meio de fundos de investimentos que alocam recursos na
criptomoeda. Até o início deste mês havia 21 opções regulamentadas no Brasil.
Quer aprender a investir em
criptoativos de graça, de forma prática e inteligente? Nós preparamos uma aula
gratuita com o passo a passo. Esses produtos
podem ser comprados em corretoras ou diretamente nas gestoras. Há fundos para
investidores de varejo, profissionais e qualificados – o cadastro vai depender
da opção e do enquadramento. As cotas mínimas variam conforme o fundo e o
público-alvo – em alguns é possível investir a partir de R$ 500. Assim como no
caso dos ETFs, há algumas taxas, como a de administração.
Maiores altas e baixas do
Bitcoin
O Bitcoin atingiu sua
máxima histórica no dia 20 de outubro, superando pela primeira vez os US$ 65
mil. No Brasil, a criptomoeda chegou a ultrapassar os R$ 370 mil em algumas
corretoras.
Ao longo de sua breve
história, no entanto, a criptomoeda foi uma montanha-russa,
registrando períodos de alta valorização (bull
market) e momentos de quedas drásticas (bear market). Confira abaixo o histórico
das maiores altas anuais do Bitcoin – e das baixas.
Ano |
Preço em 1º de janeiro
(dólar) |
Preço em 31 de dezembro
(dólar) |
Valorização |
2009 |
US$ 0 |
US$ 0 |
0% |
2010 |
US$ 0,1 |
US$ 0,3 |
200% |
2011 |
US$ 0,3 |
US$ 4,7 |
1466,67% |
2012 |
US$ 5,30 |
US$ 13,50 |
154,72% |
2013 |
US$ 13,30 |
US$ 805 |
5.952,63% |
2014 |
US$ 815,90 |
US$ 318 |
-61,02% |
2015 |
US$ 314,90 |
US$ 430 |
36,55% |
2016 |
US$ 434 |
US$ 963,40 |
121,98% |
2017 |
US$ 995,40 |
US$ 13.850,40 |
1291,44% |
2018 |
US$ 13.404,90 |
US$ 3.709,40 |
-72,33% |
2019 |
US$ 3.809,40 |
US$ 7.196,40 |
88,91% |
2020 |
US$ 7.199 |
US$ 28.949 |
302,13% |
2021* |
US$ 29.359 |
US$ 65.979 |
124,73% |
* De 1º de janeiro a 20 de
outubro
Bitcoin é seguro?
Para Mayra Siqueira,
gerente geral da Binance no Brasil, o Bitcoin é seguro. Prova disso,
falou, é que a blockchain, tecnologia por trás da criptomoeda, nunca foi
hackeada ao longo desses 13 anos de história. E isso se deve, continuou Mayra,
principalmente ao mecanismo criado por Nakamoto, em especial a dois recursos: o
consenso e a imutabilidade.
“O consenso refere-se à
capacidade dos nós (computadores ou dispositivos conectados à interface do
Bitcoin), dentro de uma rede blockchain distribuída, de concordar com o estado
verdadeiro da rede e com a validade das transações. Já a imutabilidade, por
outro lado, refere-se à capacidade da blockchain de impedir a alteração de
transações que já foram confirmadas”, disse Mayra.
Na prática, esses dois
recursos permitem que transações entre pessoas desconhecidas sejam realizadas
sem a necessidade de uma terceira parte – como um banco ou uma empresa de
remessa internacional – para garantir a transferência.
Mayra disse que, além de
ter tecnologia confiável, o Bitcoin também é um investimento seguro. No
entanto, falou, o investidor precisa fazer o dever de casa e estudar o BTC com
cuidado, pois ele é “considerado de risco por conta da oscilação”.
O economista Fernando
Antônio de Barros Júnior, professor doutor da USP, também disse que o BTC é um
investimento seguro. Entretanto, falou, é um ativo de alto risco. “Por isso, o
investidor deve fazer aquilo que é recomendado por qualquer curso básico de
educação financeira: ponderar a questão do risco e do retorno e nunca colocar
todos os ovos na mesma cesta”.
O que é mineração de
Bitcoin
A mineração de Bitcoin, em
resumo, é o nome dado ao processo de validar as transações blockchain e
receber, como recompensa, novas criptomoedas. Para entender melhor, leia a
comparação abaixo:
Para a Maria (personagem
fictício), que mora no Brasil, transferir R$ 5 mil para a conta de João
(personagem fictício), que vive na Inglaterra, esse dinheiro precisa passar por
algum terceiro, como um banco, que atua como garantidor da transação e cobra
uma taxa pelo serviço. No caso do Bitcoin, parte deste papel é função dos
mineradores.
Portanto, se a Maria, em
vez de enviar moeda fiduciária, resolver mandar 1 BTC para o João, algum
minerador da rede deve registrar a transação na blockchain. E toda vez que ele
realiza essa ação, ganha um incentivo em criptomoeda. Atualmente, aquele que
consegue validar uma transação embolsa 6,25 Bitcoin. Em 22 de outubro, dia em
que o BTC era negociado a R$ 343 mil, o “sortudo” que foi validou uma transação
levou para casa R$ 2,1 milhões em criptomoeda.
Apenas lendo o parágrafo
acima, parece muito fácil minerar Bitcoin – mas não é. Isso porque, para
conseguir fazer o registro e ganhar BTC, o minerador precisa executar uma Prova
de Trabalho (algoritmo), que na prática é um complexo problema matemático. Esse
cálculo é resolvido, em média, em 10 minutos – que é o tempo que uma transação
é confirmada na rede do BTC.
Mas o detalhe, que deixa a
tarefa extremamente difícil, é que há milhares de mineradores tentando resolver
a equação ao mesmo tempo. E como há muitos competidores, mais árduo fica
encontrar a solução, e mais poder computacional é necessário.
Como minerar Bitcoin
Logo após a criação do
Bitcoin, qualquer um podia facilmente minerar a criptomoeda em casa. Bastava
conectar um computador (com uma placa de vídeo razoável) na rede do BTC e
mantê-lo ligado para resolver os complexos problemas matemáticos.
Atualmente, no entanto, é
praticamente impossível “extrair” Bitcoin por meio de um PC comum. Isso porque
é preciso utilizar equipamentos específicos para a função, chamados de
circuitos integrados de aplicação específica (ASIC).
·
Conheça a história
da Ethereum
Mas não basta ter apenas
um, dois ou três hardwares. Para resolver os cálculos e levar as recompensas, é
necessário ter um poder computacional enorme, e a cada dia a exigência cresce
mais. Hoje, há fazendas de mineração com milhares de equipamentos dedicados
exclusivamente à mineração de Bitcoin.
Dada a complexidade da
tarefa e o alto investimento no negócio, essas fazendas de mineração costumam
se organizar em pools (conjuntos) de mineradores que trabalham juntos para
competir pela validação das transações, aumentando as chances de receber a
recompensa em BTC – quando um pool consegue vencer a batalha, os 6,25 BTC
recebidos são divididos entre os participantes na proporção do poder
computacional entregue.